Quem disse que é preciso ter a bola durante muito tempo? Paraguaio é a prova da eficácia.
A conversa começa com uma pergunta: «Quanto tempo acha que Cardozo teve de posse de bola?» João Tomás responde: «No máximo sete minutos. Não, cinco minutos!» O último jogador do Benfica a marcar dois golos ao Sporting para a Liga antes do paraguaio errou. «16 segundos? [ri-se, faz uma pausa para pensar]. Se calhar até faz sentido. Deixe cá ver: no primeiro golo recebeu e chutou; no segundo tabelou e depois chutou de primeira; há aquele lance em que tenta o chapéu, de primeira, o cabeceamento por cima e ainda há o lance no poste... faz sentido.»
João Tomás gosta do estilo: «Cardozo é um jogador que não precisa de estar em jogo. Eu tenho dias... umas vezes sinto que preciso de ter mais a bola, correndo o risco de passar ao lado do jogo, mas Cardozo não, admiro-o pela capacidade de saber esperar o momento e metê-las lá dentro.»
«E não, não acredito que seja frustrante para um jogador ter tão pouco tempo a bola consigo. De certeza que isso é secundário quando chega ao fim do jogo, marca dois golos, por pouco que não faz mais três e vê a sua equipa ganhar 2-0». O ponta-de-lança do Rio Ave, 35 anos (também marcou dois golos anteontem, à Académica), também atribui a importância de jogar no Benfica: «Cardozo pode andar alheio durante o jogo inteiro pois sabe que jogando no Benfica terá sempre uma oportunidade para brilhar.»
16 segundos. Um café demora 29 segundos a ser tirado, Cardozo em quase metade do tempo marcou dois golos no derby com o Sporting, fintou Nuno André Coelho para atirar uma bola ao poste e surgiu mais duas vezes em posição de golo. Tocou 44 vezes na bola e fez 10 remates - por cada quatro vezes que contactou o esférico, olhou para a baliza e tentou bater Rui Patrício.
Tal como os predadores que ficam horas a fio na savana à espera de um erro da presa, o paraguaio espetou a Takuara (lança ou cana no seu guarani materno), no (pouco predador) leão.
Fonte: Jornal A Bola
terça-feira, 21 de setembro de 2010
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